BRT pode ficar defasado em 2016, avalia Detran
Belém PA - A frota de veículos circulando na Região Metropolitana de Belém (RMB), em 2016, deve ser de 687.540 unidades. Isso corresponde a um aumento de 45% em relação à frota de 473.340 (registro de janeiro deste ano). Assim como é agora, 95% serão particulares. A projeção é do Departamento Estadual de Trânsito do Pará (Detran-PA), que deverá entregar um estudo à Autarquia de Mobilidade Urbana de Belém (Amub) e ao Núcleo de Gerenciamento do Transportes Metropolitano (NGTM) para subsidiar o projeto Ação Metrópole. Além da implantação de BRT (bus rapid transit ou sistema de trânsito rápido de ônibus), será preciso incentivar o uso do transporte público e das bicicletas (uma sadia combinação entre locomoção e exercício físico, além de nada poluente).
Dos 473.340 veículos circulando diariamente na RMB, 453.645 mil estão concentrados no eixo Belém-Ananindeua-Marituba. Cerca de 425 mil são carros, motos e caminhonetes. A taxa de motorização da população é de 25%, o que significa haver 25 veículos particulares para cada 100 pessoas. O aumento constante da frota representa também o aumento da taxa de acidentabilidade, principalmente com motocicletas. Dados da seguradora Líder, administradora do seguro contra Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT), mostram que 66% das indenizações pagas em 2011 no Brasil foram para condutores ou passageiros de motos. Em 72% desses casos, os envolvidos ficaram com alguma invalidez permanente. Acidentados de motos ocupam hoje 80% dos leitos do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE).
O coordenador de Planejamento do Detran-PA, Carlos Valente, autor do estudo, reconhece a importância do Ação Metrópole e da instalação do BRT, mas deixa claro que os projetos não podem parar por aí. Caso contrário, os resultados serão perdidos e logo os problemas de congestionamentos voltarão a acontecer. Para ele, integrar o BRT municipal, iniciado de forma conturbada e pouco transparente na gestão do ex-prefeito Duciomar Costa, ao Ação Metrópole foi a melhor decisão. Assim, governo do Estado e prefeitura de Belém trabalham sem divergências e de forma metropolitana.
'Esse novo projeto que mostra a integração entre o Estado e a prefeitura de Belém, para resolver a questão do transporte de forma metropolitana está ótima. Porém, se não houver um trabalho futuro e mais projetos de trânsito especificamente, além de incentivos à população para deixar o carro em casa e pegar o transporte público ou usar bicicleta, não há BRT que dê jeito. Mas como o novo projeto está sendo discutido de forma transparente, com um excelente padrão técnico, ainda temos como colocar a variável frota no planejamento. Se planejarmos para frente, teremos como resgatar para Belém o status de Metrópole de Amazônia', analisa Valente.
Amub fala na criação de rotas alternativas de tráfego na capital
A diretora superintendente da Amub, Maísa Tobias, afirmou que todas as informações são válidas para a concepção do projeto. Ela acrescenta que o aumento da frota de veículos particulares não inviabiliza em nada o BRT, mas mostra a necessidade urgente de se criar opções de transporte público para a população. 'As pessoas só usam carro particular porque não há uma oferta de transporte público de qualidade. A cidade está crescendo e há, naturalmente, o aumento do número de carros particulares circulando também. Para isso estão sendo criadas rotas alternativas, como o prolongamento da João Paulo II, a construção dos elevados da avenida Independência e rodovia Mário Covas, que aumentarão a fluidez do trânsito para toda a RMB. No próprio projeto do BRT estão previstos estacionamentos para carros particulares nas estações, para estimular que a pessoa siga de carro por um trecho e depois prossiga pelo BRT. As pessoas estão se deslocando de carro porque não têm outra opção segura, e o BRT com certeza irá colaborar para diminuir esse crescimento abrupto da frota', comentou.
Maísa garante que a malha cicloviária logo terá trabalhos mais específicos. 'Todo o projeto do BRT Belém contempla ciclofaixas tanto na avenida Almirante Barroso quanto na rodovia Augusto Montenegro. E também está prevista a construção de bicicletários próximo às estações para que os ciclistas, se quiserem, deixem as bicicletas lá e façam o percurso no BRT', concluiu.
Fonte: O Liberal