Escola goiana envolve pais em projeto sobre o meio ambiente
Goiás, O envolvimento da família e da comunidade é considerado de fundamental importância pela Escola Municipal Patotinha, no município de Catalão, sudeste de Goiás. Localizada em bairro distante do centro da cidade, numa comunidade com poucas oportunidades sociais, culturais e econômicas, a escola atende crianças de 5 a 11 anos, originárias, em sua maior parte, de famílias de baixo poder aquisitivo.
Assim, em um projeto sobre questões ambientais, criado pela professora Kênia Mara da Costa, os familiares e responsáveis pelos alunos, principalmente as mães, aprenderam a fazer receitas culinárias alternativas, refrigerantes caseiros e até sabão ecológico. “A escola é a principal fonte cultural no que diz respeito à educação formal das crianças. E tem uma responsabilidade ainda maior em desenvolver projetos voltados para a comunidade local”, avalia a professora.
Seu trabalho, Eu Aprendi e Vou Ensinar: Atitudes Cidadãs de Sustentabilidade, foi um dos vencedores da edição de 2012 do Prêmio Professores do Brasil. Nele, a professora enfocou diferentes temas relacionados ao meio ambiente e à busca de alternativas para a redução do consumo exagerado, bem como o destino do lixo e o aquecimento global. Tudo para mostrar que é possível construir um mundo diferente e resgatar valores como responsabilidade e respeito à vida e ao planeta.
“Os familiares adoram quando os convidamos a vir à escola e participar das atividades, e os alunos ficam mais dispostos a vivenciar, em casa, o que aprenderam nas aulas”, diz Kênia. “É o conhecimento extrapolando os muros da escola.”
Uma das atividades que tiveram a participação das famílias foi a oficina de aprendizagem de receitas alternativas e aproveitamento de partes de vegetais, como cascas e talos, que costumam ser jogadas fora. “As mães perceberam o quanto podem economizar e agradar as crianças”, ressalta a professora.
Hábitos — No desenvolvimento do projeto, aplicado em turmas do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, foi possível verificar o surgimento de mudanças de hábitos. Na alimentação, por exemplo, houve a tomada de consciência sobre a necessidade de limitar a ingestão de alimentos salgados ou gordurosos, especialmente os industrializados. No lanche, os alunos começaram a substituir o refrigerante pelo suco e o biscoito pela fruta.
Com relação ao destino do lixo, os estudantes fizeram reflexão sobre os prejuízos ocasionados pelo hábito de jogar detritos no quintal ou em terrenos baldios. Para repassar à comunidade o que aprenderam e conscientizar um maior número de pessoas, eles confeccionaram panfletos com explicações sobre atitudes sustentáveis e saíram às ruas para distribuir o material e conversar com as pessoas.
“Foi um momento de entusiasmo e valorização da autoestima, numa execução do que foi planejado, um cooperando com o outro”, afirma Kênia. Segundo ela, os estudantes usaram seus conhecimentos em favor do meio ambiente ao explicar o que eram atitudes sustentáveis, como poluir menos, gastar menos água e menos energia elétrica.
De acordo com a professora, a partir da realização do projeto, os alunos entenderam que todos são responsáveis pela preservação. “Eles ficaram mais dispostos e atentos não só para aprender, mas para divulgar o que aprenderam”, diz Kênia, que atua no magistério há 14 anos. Graduada em letras e com especialização em linguística aplicada e em metodologia do ensino fundamental, ela trabalha na secretaria de Educação do município.
Fátima Schenini
portal.mec.gov.br
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